1º de Maio – Pagamento de dividendos cresceu 14 vezes mais do que salário mínimo

Estudo da Oxfam revela que apenas 2 dos 37 países têm um salário mínimo acima de um salário digno
ATTENTION: ANONYMOUS PERSON - Minas Gerais State, Brazil. 2021/02/03 photo: Tatiana Cardeal/OXFAM Brasil Júlia (not real name), 60, is the mother of four sons who were rescued in conditions similar to slavery on coffee farms. She lived a lot of anguish. Two sons were rescued last year amid the Covid-19 pandemic working without any kind of protection against the virus. The two young men experienced hunger, cold and risk of contamination by toxic substances. For the mother, the youths reported being afraid of being killed if they tried to leave. Julia is poor, illiterate, and had no money to help her sons. She spent sleepless nights and took anxiety medication.
  • Entre 2020 e 2023, os pagamentos totais de dividendos aos acionistas aumentaram 45% em termos reais, enquanto os salários aos trabalhadores aumentaram apenas 3%.
  • Os 1% mais ricos, simplesmente por possuir ações, receberam, em média, US$ 9.000 por ano em forma de dividendos em 2023 – para que um trabalhador comum ganhasse esse mesmo valor em salário seriam necessários oito meses de trabalho.

Entre 2020 e 2023, os pagamentos totais de dividendos aos acionistas cresceram 14 vezes mais do que os salários dos trabalhadores em 31 países, os quais, juntos, representam 81% do PIB global, como revela a nova análise da Oxfam, divulgada antes do Dia Internacional dos Trabalhadores (1º de maio).

Os lucros totais das empresas estão à beira de ultrapassar o recorde histórico de US$ 1,66 trilhão alcançado no ano passado, de acordo com o Janus Henderson Global Dividend Index. Este índice analisa as 1.200 maiores empresas do mundo, representando 90% dos dividendos totais pagos. Estão disponíveis as informações sobre dividendos e salários referente  31 países no período entre 2020-2023,e a pesquisa da Oxfam revela que: 

  • Após o ajuste pela inflação, os pagamentos totais de dividendos aumentaram 45% (US$ 195 bilhões) em 31 países entre 2020 e 2023, enquanto os salários cresceram apenas 3%. 
  • Durante esse período, a remuneração nesses países teve uma queda de 3%, com exceção da China, onde ocorreu a maior parte do crescimento salarial.

A tendência de aumento dos dividendos tem efeitos preocupantes sobre a desigualdade. A Organização Internacional do Trabalho(OIT) recentemente informou que “a desigualdade de renda aumentou”.

Com base nos dados do Wealth-X, a Oxfam calcula que o 1% mais rico, que atualmente detém 43% de todos os ativos financeiros globais, recebeu em média US$ 9.000 em dividendos em 2023. Isso corresponde a oito meses de trabalho e salário para um trabalhador comum. 

“Os lucros das empresas e os pagamentos aos acionistas aumentaram exponencialmente, enquanto os salários permanecem baixos. Milhões de pessoas têm empregos que as mantêm em um ritmo de trabalho intenso, mas que não garantem recursos suficientes para alimentação, remédios e outros itens básicos. Os super-ricos não ganham suas mega-fortunas ‘trabalhando’ – eles tiram esse dinheiro das pessoas que trabalham”, disse o diretor executivo interino da Oxfam International, Amitabh Behar.

A análise feita pela Oxfam sobre os dados da Global Living Wage Coalition (GLWC) de países da África, Ásia e América Latina revela que:

  • Apenas 2 dos 37 países têm um salário mínimo acima de um salário digno – uma remuneração que, segundo a GLWC, permite que os trabalhadores supram suas necessidades básicas, como moradia, alimentação, saúde, vestuário e transporte. Os salários mínimos, em média, fornecem apenas 38% do salário necessário para um salário digno. 
  • O salário mínimo de Bangladesh fornece apenas 6% de um salário digno e, em Gana, fornece apenas 12%.

Essas informações reforçam os avisos da OIT sobre o aumento do número de trabalhadores que vivem na pobreza – sem recursos suficientes para todas as refeições, acumulando dívidas e ficando sem o básico. Com base nos dados da OIT sobre pobreza no trabalho, a Oxfam constatou que:

  • Aproximadamente 1 em cada 5 trabalhadores no mundo ganha um salário abaixo da linha de pobreza de US$ 3,65 PPP.
  • 66% dos trabalhadores em países de baixa renda recebem salários de miséria – um nível de remuneração que não ultrapassa a linha de pobreza de US$ 3,65 PPP. Isso representa um aumento de 1% desde 2020, quando houve a reversão de um longo período de declínio.
  • O Afeganistão (22%) e o Sri Lanka (9%) registraram alguns dos maiores aumentos na taxa de subemprego atingindo a linha de pobreza de US$ 6,85 PPP

“Nenhuma empresa deveria estar pagando aos acionistas ricos a menos que esteja remunerando todos os seus trabalhadores com um salário digno. Os governos devem limitar os pagamentos aos acionistas, apoiar os sindicatos e estabelecer leis que garantam salários dignos. Deveríamos estar recompensando o trabalho, não a riqueza”, disse Behar.

FIM

Notas para os editores

Faça o download da nota metodológica da Oxfam. 

O dia de maio, comemorado pelos trabalhadores em todo o mundo como o Dia Internacional dos Trabalhadores, ocorre em 1º de maio.

O Janus Henderson Global Dividend Index analisa as 1.200 maiores empresas do mundo que representam 90% dos dividendos totais pagos de acordo com sua capitalização de mercado. 

As 1.800 empresas restantes representam apenas 10%, portanto, considerando seu tamanho, a influência que têm sobre os resultados é irrelevante. A Janus Henderson prevê que os dividendos atingirão um novo recorde de US$ 1,72 trilhão em 2024.

De acordo com a OIT, a desigualdade de renda aumentou.

Informações de contato

Annie Thériault no Peru | annie.theriault@oxfam.org | +51 936 307 990

Para obter atualizações, siga @NewsFromOxfam e @Oxfam 

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