A Associação Brasileira de ONGs (Abong) reforçou seu compromisso com o enfrentamento ao racismo institucional ao participar, entre os dias 19 e 21 de maio, do Planejamento Estratégico de Narrativas & Comunicação, promovido pelo Comitê Nacional da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver. Representada por Dora Lia Gomes, coordenadora de comunicação, a Abong integrou o encontro que reuniu comunicadoras de 35 organizações dos movimentos negros, de mulheres negras, sociais e entidades filantrópicas, fortalecendo a articulação e o desenvolvimento de estratégias conjuntas como campo estratégico na luta por transformação social e rumo à Marcha de caráter global, que acontecerá em 25 de novembro deste ano.
Durante os três dias de atividades, foram debatidas e construídas coletivamente diretrizes para ampliar o alcance, a potência e a coesão dos discursos que movem a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver. O foco principal foi o desenvolvimento de narrativas que refletem as pautas centrais das mulheres negras no Brasil, visibilizando suas vozes, territórios, saberes e lutas históricas. Para construir essas narrativas, as participantes se aprofundaram nos conceitos de comunicação estratégica, audiência prioritária, segmentação, arquétipos e ecossistemas de comunicação.
O planejamento foi conduzido por Ana Carolina Lourenço e Jennifer Ribeiro, do Instituto Cultura, Comunicação e Incidência (ICCI), organização brasileira dedicada a promover ação climática, democracia e justiça através da comunicação estratégica. “O mais potente desse encontro, que reúne comunicadoras que têm diferentes expertises, é perceber que o momento político e social que a gente vive é de que nós, mulheres negras, temos a respostas para as grandes crises globais, e apesar de tudo que nos falta, a gente apresenta uma resposta brilhante para aquilo que fizeram de nós.”, conta Jennifer Ribeiro, coordenadora programática do ICCI.
A diversidade de trajetórias e experiências presentes no encontro contribuiu para uma escuta profunda e uma construção colaborativa baseada nos princípios do Bem Viver, da ancestralidade e da reparação histórica. Thais Vital, coordenadora de Comunicação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, destacou que o momento foi fundamental para a criação e ampliação de uma estratégia discursiva que impacte a diversidade que envolve as mulheres negras.
“Estamos diante do desafio de unir os olhares de todas essas comunicadoras e organizações, de diversos territórios e expertises, e transformar em mensagens capazes de envolver as mulheres negras, e disputar narrativa na sociedade. Nós queremos 1 milhão de mulheres negras marchando em Brasília no dia 25 de novembro. E para isso, a comunicação que faremos é fundamental. Portanto, não poderíamos agir de outra forma, senão juntar todas nós para projetarmos essa estratégia”, conclui.
Naiara Leite, coordenadora executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra e integrante do Comitê Nacional da Marcha, também esteve presente no encontro. Para ela, foi um momento estratégico para pensar com um grupo ampliado de pessoas negras experts da comunicação como avançar e fortalecer as disputas de narrativas das mulheres negras a partir da Marcha. Além de intensificar o processo de mobilização compreendendo os diferentes grupos de mulheres negras.
“Foi um encontro fundamental para planejar as ações de comunicação de forma estratégica até novembro e também apontando para o pós marcha. Foi o momento de pensar como afetamos, mobilizamos, conversamos e nos envolvemos de maneira próxima às mulheres negras do Brasil e do mundo, nesse processo histórico que vem anunciar e imaginar futuro, resistência e Bem Viver”, completa.
Bruna Ravena, secretária nacional do enfrentamento ao transracismo ambiental do FONATRANS – Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros avalia que além da articulação política, o encontro reafirma a comunicação como um instrumento de mobilização e resistência para quem vive e sente na pele os impactos do racismo, do sexismo e das desigualdades estruturais no Brasil. “Entender como cada organização pode contribuir nesse processo foi fundamental. Cada uma de nós sai daqui com um desafio que é ampliar essa voz e comunicar assertivamente com as nossas. É importante que a diversidade das mulheres negras seja alcançada, fortalecendo os comitês estaduais e municipais espalhados pelo Brasil. Nós, mulheres negras trans, nos somamos a essa luta”.
Para Dora Lia Gones, coordenadora de comunicação da Abong, o encontro foi uma oportunidade de fortalecer as narrativas da Marcha entre as organizações da sociedade civil.
“Levar isso para as nossas mais de 250 associadas, para além das organizações de mulheres negras, é extremamente importante. Saímos com a tarefa de semear esse encontro e amplificar essas vozes entre as nossas associadas espalhadas por todo o Brasil e com um sentimento de felicidade em podermos nos aproximar da articulação para a Marcha das Mulheres Negras”, pontua.
Ao final do planejamento, o grupo consolidou um plano de ação estratégico de comunicação que orientará as ações de comunicação do Comitê Nacional da Marcha das Mulheres Negras nos próximos meses, com foco na amplificação das vozes das mulheres negras e no fortalecimento das alianças com a sociedade civil e a filantropia comprometida com a justiça racial e de gênero. Além disso, cada organização presente se comprometeu com o processo de construção dessa comunicação, a partir da sua expertise.
Estiveram presentes:
Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB); Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong); Ação Educativa; Associação de Trabalhadoras Domésticas Tereza de Benguela; Associação Gênero e Número; Casa N’Dengo; Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ); Criola; Escola Longa; Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (FONATRANS); Fundo Baobá para Equidade Racial; Geledés – Instituto da Mulher Negra; Imaginable Futures; Instituto Afrolatinas; Instituto Cultura, Comunicação e Incidência (ICCI); Instituto Ibirapitanga; Comitê Estadual Goiás da Marcha das Mulheres Negras; Marcha das Mulheres Negras de São Paulo; Movimento Mulheres Negras Decidem; Agência Narra; Observatório da Branquitude; Odara – Instituto da Mulher Negra; Oxfam Brasil; Pretas Candangas; Quid; Rede de Mulheres Negras do Nordeste; e Revista Afirmativa.
(Assessoria de Imprensa)