Soluções coletivas. É dessa forma que a presidência da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) busca engajar estratégias efetivas de enfrentamento à crise climática através de um mutirão global. Nessa perspectiva, durante a Semana do Clima do Panamá, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, convocou as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) para se juntarem à causa realizando e fortalecendo iniciativas nos territórios.
O objetivo é construir estratégias que se expandem para além das diretrizes diplomáticas da COP30, que acontece de 10 a 21 de novembro em Belém (PA), e apostar no protagonismo de quem compreende e vivencia de perto as necessidades territoriais no que tange os desafios para lidar com os efeitos das problemáticas ambientais.
“A expectativa para esse ano é que a chamada que o embaixador André Corrêa do Lago faz, principalmente através da divisão de estratégia que está sendo liderada pelo diplomata Túlio Andrade, ponha em curso um ecossistema de organizações, de ações que tenham capacidade de produzir um contágio positivo entre pessoas que têm capacidade de reagir”, explica Lennon Medeiros, diretor da Visão Coop, que ainda reforça o papel desses grupos.
“Pessoas que sejam lideranças comunitárias, que sejam referências nas suas áreas, que tenham capacidade de apresentar iniciativas e apresentar contribuições que aos poucos ponham a sociedade em rota de ação, que leve outras pessoas a construírem novas iniciativas, resultados, diagnósticos locais”, complementa o diretor.
A conexão dos caminhos resolutivos a partir da atuação das OSCs surge através da ideia do mutirão global que já havia sido mencionado inicialmente por André Corrêa em sua primeira carta ao mundo apresentada em março deste ano, sendo esse “um esforço global de cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”, detalha trecho do documento.
Percepção que se conecta com a fala de Kaká Werá – escritor, educador e empreendedor social do povo Tapuia – durante o 13º Congresso GIFE, que aconteceu em Fortaleza (CE), de 07 a 09 de maio. Durante seu discurso, o líder indígena destacou a ritualística ancestral de encontrar no território respostas para problemas que só se resolvem no coletivo.“Escutar o território é algo que os nossos ancestrais aqui fazem há pelo menos 50 mil anos e o território tem gente, então você dá a mão.”
OSCs têm capacidade de apresentar soluções inovadoras
Buscando engatar a liderança no debate climático, o Brasil apresenta seis pontos principais que terão foco durante os debates da Conferência: Redução de emissões de gases de efeito estufa; Adaptação às mudanças climáticas; Financiamento climático para países em desenvolvimento; Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono; Preservação de florestas e biodiversidade; Justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas.
Nesse sentido, observa Lennon Medeiros, as OSCs têm potencial para apresentar soluções inovadoras e ganhar espaço para ampliar o que já vêm desempenhando em seus territórios, impulsionando o que ele chama de “descentralização da pauta”.
“Acho que já existem uma série de organizações no Brasil demonstrando como a sociedade civil tem essa capacidade de articular ideias, de trazer diferentes perspectivas, de gerar dados originais, de fazer testes de ferramentas e protótipos no contexto da mudança climática”, reforça Lennon Medeiros que também participa da 62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (SB 62), encontro que acontece até o dia 26 de junho, em Bonn, na Alemanha.
Fonte: GIFE